CPI da Pandemia: ‘Eu saí da fase da comoção e entrei na fase da indignação’

Karina Anunciato er Michael Franco

Simone Tebet, senadora (Foto: Assessoria)

O Jornal das Sete desta sexta-feira (02), conversou com a senadora Simone Tebet (MDB) sobre a CPI da Pandemia. Ela, que é líder da bancada feminina, tem se destacado por conseguir extrair dos depoentes informações fundamentais que indicam o caminho a ser seguido nas investigações.

CPI da Pandemia (Foto: Senado)

Semana passada, durante o depoimento do deputado Luis Miranda, Tebet conseguiu a confirmação do nome do deputado Ricardo Barros, líder do governo, indicado como figura influente dentro do Ministério da Saúde. Ontem mais uma vez, ela se apresentou decisiva e colocou em xeque o depoimento de Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply, empresa suspeita de negociação de propina na aquisição de vacinas AstraZeneca.

Durante a sessão, o denunciante confirmou a senadora que o áudio apresentado não se tratava de negociação de vacinas, mas sim de luvas em 2020.

“Ficou comprovado, que o áudio foi cortado. Não se tratava de vacina, o deputado que é empresário estava falando da venda de luvas em 2020, que não tinha nada a ver com 2021. Então ele também ficou desacreditado, porque comprovou que não poderia fazer aquelas afirmações”.

Dominguetti apresentou durante o depoimento um áudio que levantou suspeitas sobre a idoneidade do deputado Luis Miranda. Na semana passada, Miranda confirmou o nome do líder do governo como suposto articulador de esquema de fraude nos contratos da Covaxin.

A CPI completou esta semana 60 dias de trabalho, com prazo final de 90 dias. Diante das suspeitas de corrupção surgida nos últimos dias, os senadores buscam a prorrogação dos trabalhos.

“Quando a gente fechou essa caixinha, outra se abriu tão grave quanto, que foram as denúncias de possíveis crimes envolvendo servidores do Ministério da Saúde, envolvendo até o deputado federal que é líder do governo do presidente Bolsonaro, envolvendo denúncias muito graves de corrupção. Ou seja, todo mundo querendo levar vantagem, querendo levar propina, dinheiro para poder comercializar a vacina… os indícios são muito fortes e os valores são, assim de a gente sair do escândalo dos milhões de pedido de propina, para a casa dos bilhões. Então é assustador o que a gente está vendo. Eu saí da fase da comoção e entrei na fase da indignação”.

Credibilidade da CPI

Desde sua criação, a Comissão Parlamentar de Inquérito tem sofrido críticas da população. Quanto à isenção e à idoneidade dos senadores que compõem a comissão, a senadora frisou a qualificação dos membros da CPI e a boa vontade de apurar os fatos.

“A CPI tem muita gente de bem. Ali nós temos muitos senadores de bem. Senadores corretos. Senadores que acabaram de chegar. Por exemplo, você tem dois senadores que são delegados que nunca foram políticos e que estão ajudando, orientando com o inquérito, porque a CPI é um processo de investigação. Dali ninguém vai sair condenado. Vai ser investigado, vai ser indiciado porque o relatório é isso. O relatório vai ser aprovado, por uma CPI que é um órgão colegiado, ali entre titulares e suplentes são 19 senadores, e só depois é que o Ministério Público vai mostrar se tem razão ou não”. 

A entrevista completa com Simone Tebet, você confere aqui: