Acusado de mentir à Comissão Roberto Dias recebe voz de prisão

Karina Anunciato e Michael Franco

CPI da Pandemia (Foto: Marcos Oliveira)

Embora a sessão desta quarta-feira (07) não tenha sido a mais tensa da CPI da Pandemia, até o momento, a audiência terminou após o fato mais grave possível ser declarado pelo presidente, Omar Aziz (PSD-AM). Ele deu voz de prisão a Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde.

Omar Aziz, presidente da CPI da Pandemia (Foto: Edilson Rodrigues)

Depois de mais de sete horas de depoimento, Dias foi acusado de mentir sobre a solicitação de propina na compra de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca pela empresa Davati Medical Supply.

Durante toda sessão, os senadores pressionaram e o alertaram diversas vezes que o objetivo da inquirição era a confirmação das ações, já que os documentos e outras provas apontavam para a materialidade da corrupção.

No início de sua fala, Dias tentou desqualificar dois de seus denunciantes, o deputado federal Luis Miranda e Luiz Paulo Dominguetti, apontado como representante da Davati.

Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde (Foto: Pedro França)

Sobre o encontro em um restaurante em Brasília e o pedido de propinas, Dias disse que se tratava de um encontro casual com um amigo e que o encontro com Dominguetti e com o coronel Marcelo Blanco, ex-diretor-substituto de Logística do ministério, foi por acaso. 

Sob protestos de membros da comissão, a prisão de Roberto Dias foi mantida por Aziz. Marcos Rogério (DEM-RO) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) declararam que a CPI estava cometendo uma ilegalidade, porque já estava aberta a ordem do dia da sessão deliberativa do Plenário, o que impede as comissões de funcionar. 

Os senadores Rogério Carvalho (PT-DF) e Otto Alencar (PSD-BA) lembraram que outros depoentes mentiram perante a comissão e não foram presos, a exemplo do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello que compareceu à CPI com um habeas corpus preventivo, e o ex-secretário de Comunicação do governo, Fábio Wajngarten.

Houve também quem defendesse a prisão. O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) ressaltou que é uma “obrigação” a decretação de uma prisão, em caso de flagrante, quando o depoente mente à comissão.

Depois de cerca de 5 horas detido, Roberto Dias pagou fiança de R$ 1,1 mil e foi liberado pela Polícia Legislativa, ontem à noite.

Agenda

Será ouvida nesta quinta-feira (08), a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde Francieli Fantinato.